- Sobre caber e lugares

Tem um podcast que eu aprendi a amar recentemente, ele chama "Para dar nome as coisas" e quem narra é a Natália Sousa, não conheço ela, nunca nem vi mas ja amo a sensibilidade que ela tem para falar, escrever e a sua voz.
Nessa semana eu ouvi um episódio antigo que falava sobre autoestima, mais necessariamente sobre como se valorizar a ponto de ir embora de situações que não te valorizam e me tocou muito, porquê no fundo todo mundo tem aqueles momentos em que mesmo precisando ir embora a gente fica, fica por carência, fica por apego, ou pior, fica por medo.
Eu ja fiquei em muito lugares que não deveria, lugares que eu não cabia mas mesmo assim eu fui me espremendo e ficando e até em lugares que eu coube por muito tempo, mas depois esses mesmos lugares pararam de de me servir.
Eu nunca soube como sair de situações assim, eu sou o tipo de pessoa que acredita muito, que sempre acha que vai melhorar, que vai voltar a ser como era antes e isso me coloca em diversas situações que me magoam, me machucam, e mesmo depois que eu to machucada eu ainda sou capaz e acreditar que pode  ser que dessa vez seja diferente.
O problema de ser assim é que eu sempre deixo que o outro determine quando eu to cabendo nas coisas e acho que é por isso que o que Natália falou me tocou tanto, eu tenho tanto medo da rejeição que eu sempre permito que me coloquem onde querem, como se fosse um brinquedo na estante, quando querem eu to ali disponível, se quebrar mas ainda estiver bom pra usar eu to ali, eu to sempre ali, não importa o quanto me quebrem, eu to ali tentando me adaptar, me fazer caber, tentando ser o brinquedo quebrado mas que ainda funciona e isso cansa, é exaustivo, é dolorido.
Eu não quero ser uma pessoa que cabe nos lugares só por caber, quero ser alguém que queriam que eu caiba ali e que eu também queira caber, mas no fim a gente sempre tem que caber é exatamente dentro da gente.